quarta-feira, 15 de maio de 2013



DA ALEGRIA PELO NASCIMENTO DOS NOSSOS FILHOS AOS DOIS PIORES DIAS DAS NOSSAS VIDAS

Sou mãe de dois anjinhos, mas ainda não me sinto bem nessa situação. Na verdade ainda não aceito que meus filhos tinham que me deixar tão cedo, sei que posso estar sendo covarde, como li em um blog uma mãe de anjo falando, mas não consigo ser forte, não ser covarde. Sei que não é fácil para nenhuma mãe, mas vi em alguns blogs, alguns comentários que tem me ajudado, por isso tem me ajudado me corresponder com essas mães, tenho certeza que isso vai me ajudar muito a suportar esse horrror que se transformou a minha vida. Vou utlilizar esse blog para contar um pouco da minha história com meus anjinhos, para reinvidicar justiça pelo meu anjinho Paulo Gustavo e para tentar amenizar um pouco o meu sofrer, a medida que estou escrevendo e publicando algo .
 Meu nome é Maria Paula, moro em Porto da Folha-SE - Brasil, casei em dez/2005, engravidei com menos de um mês de casada, no início fiquei um pouco assustada, tinha muito medo de ter filhos (pensando na hora do parto), depois o amor era tão grande por aquela criança que habitava dentro de mim, que eu costumava dizer que o amor vencia o medo, eu não tinha mais medo da hora do parto, eu queria tanto sentir aquela criança nos braços, que eu sabia que ia dar tudo certo, eu ia conseguir. No dia do parto (02/10/2006), cheguei cedo à maternidade, mais o médico que me acompanhou no pré-natal não apareceu, mesmo sabendo que eu estava lá, esperando-o. A médica plantonista dizia que eu tinha que esperar por ele, e só à tarde quando perceberam que eu não aguentava mais, ligaram para o médico e ele disse para a plantonista me atender, meu bebê já tinha feito cocô na minha barriga e o parto teve que ser uma cesariana. Mas que bom, ele nasceu (Paulo Gabriel nasceu) que alegria, teve que ir para UTIN, mas me falaram que estava tudo bem, ele só ia ficar em observação, para terem certeza que ele não tinha engolido nenhum liquído, que pudesse lhe fazer mal. Fiquei tranquila, como em todo o pré-natal sempre ouvi do médico que estava tudo bem, que era uma criança saudável,não tinha por que temer. Mas no outro dia ao visitá-lo na UTIN, já fui ouvindo da médica: prepare-se, ele está com um problema muito sério e vai morrer. Não acreditei no que ouvia, como? Ela me explicou que durante a noite ele tinha tido uma crise, e descobriram que ele tinha uma cardiopatia congênita. Indaguei pela cirurgia, ela falou que podia ser feita, mas ele era muito pequeno, seria difícil resistir. Mas não desistimos, ou arriscava fazer a cirurgia e ter uma chance dele viver ou esperava ele morrer a qualquer momento. Com 9 dias de nascido ele foi submetido à cirurgia e não resistiu. Foi o primeiro pior dia das nossas vidas (11/10/2006), um dia antes do dia das crianças, e seu sepultamento justamente no dia das crianças. Foi terrível, queria morrer, meu esposo também sofria muito, mas tentava se manter forte por mim, fiz acompanhamento psicológico, e depois de muita luta conseguimos seguir em frente. O nascimento do nosso 2º filho foi fundamental para conseguirmos.
 Nasceu Paulo Gustavo em 17/08/2008, nasceu de 8 meses, quando a bolsa estourou foi um susto, pois já estava tudo programado para ser cesariana no mês seguinte, mas graças a Deus deu tudo certo, foi  parto cesário novamente, mas ele estava com mais de 3 quilos e nem precisou ficar na UTIN. E aí nossa alegria voltou, não completamente pela ausência de Paulo Gabriel, mais conseguíamos sorrir, pensar no futuro, pensar no melhor para Paulo Gustavo, tudo que fazíamos era em função dele, ele era tudo para nós. Era um menino esperto, amoroso (que do nada chegava e dizia: mamãe linda eu te amo, ou papai. O amor dele por nós era igual, apesar de ser muito apegado ao pai e às vezes eu dizer que ele gostava mais do pai, mas ele dizia que não, e eu acredito). Ele estava com 4 anos e 6 meses. Moramos no interior de Porto da Folha, mas temos residência também em Aracaju, e viajamos muito de um lugar ao outro, mas sempre pra ir a médico, levar mãe, irmã, sogra e até nós mesmos. Paulo Gustavo sempre ia conosco e gostava, porque nos intervalos, levávamos ele à praia ( que ele adorava), no parque, shopping. Se ele pudesse morava em Aracaju. E aí veio o 2º pior dia das nossas vidas, no dia 04/03/2013, voltando de Aracaju para Porto da Folha, no município de N.Srª da Glória, já tão próximo de casa, um caminhoneiro desgraçado, jogou seu caminhão na traseira do nosso carro, íamos 5 no carro, eu, meu esposo,minha mãe, minha irmã e Paulo Gustavo, todos ficamos bem: eu e meu esposo, os menos feridos por estarmos na frente, minha mãe e minha irmã, mais, porque estavam atrás com ele, mas ele não teve chances, ainda tiramos ele da caderinha, sangrando pela boca, nariz. Eu corri para a pista, pedindo socorro com ele nos meus braços, vi resistência de um homem em ir comigo para o hospital, dizia que não sabia onde ficava, isso me dar ódio até hoje, e acho que nunca vai passar, até que parou um casal (já de meia idade, que nem lembro da fisionomia) e me levaram para o hospital mais próximo, eu pedia tanto a Deus para não levar meu filho e dizia: SENHOR, eu já te dei Paulo Gabriel, deixe Paulo Gustavo comigo. Nunca pensei em passar por um terror tão grande na minha vida, eu estava no inferno. Chegando ao hospital percebi que meu filho estava morrendo, entrei correndo no hospital, pedindo um  médico, ainda pegaram ele dos meus braços, foi uma correria, vi fazendo massagens nele, mas me tiraram da sala, estava tão desesperada, doida, corria pelo hospital, não queria ouvir o pior, mas não demorou muito, quando meu esposo chegou, que tinha ficado socorrendo minha mãe e irmã. vi alguém chamando-o pra conversar e percebi que o pior tinha acontecido. Queria morrer, pedi para me matarem, eu não suportaria, de novo não. Eu não queria viver pra sentir de novo essa dor. E agora pior, numa intensidade maior ainda porque o tempo de convivência foi maior, são mais lembranças. Com Paulo Gabriel, eu sofria imaginando como ele estaria, de que ia gostar. Paulo Gustavo eu sei, o que ele gostava, o que não gostava, como dançava, cantava, nós presenciamos a intensidade do seu amor. E agora estou (estamos) pior, porque dessa vez vejo meu esposo pior, arrasado, derrotado ( e issso) acaba mais comigo, fico rogando a Deus com o que me resta de fé (que não sei se tenho), porque não entendo, não aceito que ELE tenha permitido que nós passássemos por isso de novo, mas ainda peço a ELE que não nos deixe  desistir, cair. Nós cuidavámos tanto do nosso filhinho, protegíamos ele de tudo, acho que pela experiência negativa que tivemos e o medo de perdé-lo também. Estavámos conseguindo, esse ano tínhamos prometido a ele dar-lhe um (a) irmãozinho (a), ele queria uma irmãzinha, porque meu irmão teve uma menininha e ele gostava muito da priminha. Estavámos com tantos planos, esse ano ia ser um dos melhores das nossas vidas e aí de repente a inresponsabilidade de um caminhoneiro acaba com tudo, com nossa vida. Tem horas que parece que não vamos aguentar, mas a gente quer justiça e digo ao meu esposo, “precisamos viver pra lutar por justiça”. Dias acordo com esse pensamento, outros acordo acabada, sem forças pra seguir (ontem, por exemplo, a dia estava frio, chuvoso e parece que tudo piora, passei o dia mal, dormi mal e estou mal até agora), lembro-me da alegria do meu filhinho, adorava Patati-Patatá, cantava todas as suas músicas, era um menino tão alegre, tão feliz, gostava de viver e aproveitou tudo na maior intensidade, sofro tanto, não consigo compreender o porquê disso tudo, desse sofrimento, acho que não merecíamos, sei que é um pensamento egoísta, mas penso assim, estou tão revoltada, com tanta magoa, raiva, me sinto impotente, não consegui ajudar meu filho, essa incapacidade também acaba comigo, eu queria tanto ter ajudado, não consegui! Daria minha vida por ele, mas a gente não tem esse poder de escolha e nem pode fazer o tempo voltar, procurar outro caminho e nunca ter passado naquela estrada, não ter ficado na frente daquele caminhão, é terrível, me vejo dentro do inferno, como foi no momento do acidente, os dias passam mais nada muda. Li uma mãe falando que depois de um mês, dois, parece que as outras pessoas nem lembram mais, e se sentia só na sua dor, também acho isso, mas para nós pais, nada muda o tempo para e só fica a dor, que não diminui em nenhum momento se quer. Por isso busco falar com pessoas, que passaram por experiências parecidas,(ou que não passaram, mas que tenham algo a me falar,que me conforte e me ajude a passar por esse momento tão difícil), quero ouvir-las e pedir que me ajudem a ter forças, eu sei que preciso seguir pelo meu filho, que morreu de forma tão violenta e não merecia isso, aquele homem não tinha esse direito de destruir nossas vidas, nossos sonhos, e ele tem que pagar por isso, se desistir, ele vai continuar fazendo isso com outras famílias. Agora, imagine nossa aflição, tentando suportar essa dor horrível, que sabemos que nunca vai nos deixar e ter que correr atrás de advogados, testemunhas (que é o pior), as pessoas tem medo de falar, não querem se envolver com justiça, é um tormento, isso nos mata aos poucos. Estamos numa luta pra sobreviver e esperamos contar com o apoio de todos.

 Um abraço


Paula e Erinaldo

2 comentários:

  1. Tenho fé que vai ter justiça...é muito sofrimento.

    Que Deus der muita força pra vcs dois...

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  2. Boa Noite Paula,
    Quero só te dizer que rezei muito por vcs, choro até hj com a história de vcs e tenho certeza que Deus tem um amor tão grande por vc e Erinaldo que vcs não imaginam. No meio dessa imensa dor a gente não consegue ver esse amor. Não consigo imaginar a dor de vcs...Mas tenha certeza que vc está no caminho certo, de escrever, de desabafar e que a internet é um meio valioso para partilhar com pessoas que passaram pela mesma situação. Não sei o "Por que?" vcs passarem por tudo isso, mas sei que Deus tem um "Pra que?". A fé que vcs tem em Deus é tão grande que vcs não tinham noção...eu tinha muita coisa pra falar, e fico feliz por vc abrir esse canal de comunicação com vcs. Espero que atraves do blog vc se reerga, e entenda o plano de Deus para a vida de vcs. QQ coisa estou por aqui e se quiser um dia chorar, gritar, correr ou enfim sorrir, pode me procurar.Me chamo Rose Carla, acho que vcs lembram de mim..

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